Tendências do Design 2022
Vive na definição de design um pensamento da criação com uma função objetiva, no entanto, hoje, face às consequências do tempo, os designers artistas expressam a sua liberdade, que se desprende da função e por sua vez enaltece a estética.
A pandemia que nos amedrontou em 2019, fez com que presenciássemos as redes sociais como um fator fulcral para a sobrevivência de uma marca e como a aspiração de que esta deva ser autêntica, está mais presente do que nunca. A persistência do Covid 19, fez com que designers gráficos mudassem a forma como comunicam e se expressam, como marca, ou como pessoa.
2021 abriu caminho para o design psicadélico, arrojado e experimental, sustentado pela sede da mudança e da comunicação intencional. Um design focado em duas ideias opostas: criativo e pragmático. As incertezas da pandemia levaram os trabalhadores, incluindo criativos, a atingirem um ponto de rutura, sucedendo-se a necessidade de repensarem os seus objetivos de trabalho e de vida e um anseio por novos propósitos e significados. Desta ideia, emergiram as grandes tendências no design de 2022, uma abordagem ousada e expressiva, com mais propósito e significado em comunicar.
Vê como estas ideias moldaram as tendências no design gráfico:
A Nostalgia dos 90’s
Recentemente a Netflix fez-nos viver a nostalgia dos anos 80, trazendo ao mainstream a série “Stranger Things”, caracterizada pelas font de serifas góticas e as cores néon. Hoje regressamos ao retrô, agora aos anos 90. Esta tendência é baseada na nostalgia do tempo, um olhar sobre o passado, que nos faz reviver os padrões Memphis, pictogramas simples, cores brilhantes e frames arcaicos da internet. Procuramos a familiaridade associado ao minimalismo, procuramos desacelerar, refletir e diversão. Antes da pandemia, a vida era aflitiva.
Esta tendência traz-nos a memória da infância, espelha uma sensação de conforto com um estilo old-school. O que é retrô, é novo de novo!
Lettering Expressivo e Experimental
À medida em que mundo se torna mais online, as palavras deixaram de ser responsáveis por transmitir o significado das culturas. Foram muitos os designers tipográficos que viram nesta ideia uma oportunidade para desenhar letras ilegíveis, dando ênfase às formas expressivas. Está intrínseco nesta ideia a experimentação e a expressão pessoal, por essa razão as soluções podem ser infinitas. O céu é o limite! A junção de fonts aparentemente incompatíveis, desafia a distinção entre formas abstratas e letras legíveis. Esta tendência, pode ser arriscada e de difícil compreensão pelos menos interessados, mas recompensa a liberdade, o desprendimento de qualquer significado específico de linguagem.
Anti-Design
Na última década verificamos uma corrida às aplicações o que despertou a necessidade de designs rígidos, acima de tudo focados no User Experience. Face à necessidade de criar interfaces que qualquer utilizador pode entender com facilidade, esta demanda criou uma homogeneidade em todos os layouts digitais. É daqui que entram os anti-designers, criativos que evitam os princípios tradicionais e estética do design convencional. Um design marcado pela assimetria, cores que criam conflito visual, layouts vazios (sem medo do branco), elementos sobrecarregados e tipografias fortes e austeras, por vezes elegíveis. Existe discordância face a este estilo de design, se por um lado os críticos caracterizam por “feio por ser feio”, por outro lado os seus defensores, defendem a criação de designs que são livres dos padrões da estética já preconcebida.
2D/3D
A tendência do design 3D, está ainda em evolução e cada vez mais presente no design. Esta oferece possibilidades ilimitadas, de 3D hiper-realistas que fundem o que é digital do que é físico. Como exemplo, a série de animação Arcane, produzida pela Riot Games e animada pela Fortiche Productions, disponível na Netflix, reflete esta dualidade visual, personagens 3D suportadas por efeitos 2D, combinados com fundos que fazem com que cada foto pareça uma ilustração vívida.
Por sua vez, consequência do surgimento das NFT’s e a nova corrida à exploração do Metaverso as personagens 3D’s invadiram todas a plataformas digitais, criando assim uma grande tendência de 2022.
Y2K - High Tech
Até 2000 estava vigente a ideia de que a tecnologia chegaria para nos assombrar, a incerteza do que estava para vir criou uma hesitação face ao futuro. Quando em 2000 se provou que não existia motivo para pânico, o alívio trouxe um otimismo tecnológico. Contudo, tendo em conta o repentino surgimento das redes sociais, a euforia e o otimismo diminuiu significativamente nos últimos anos. Em sequência disso muitos designers criativos tentaram recuperar o entusiasmo inicial de quando tudo parecia possível através da tecnologia, criando designs inspirados no período por volta dos anos oitenta e inícios dos anos 90, representado por layouts grutescos, cores rosa e azuis pastéis, hologramas, aproximando-se do cyberpunk.
Ukiyo-e flat design
Ukiyo-e é um termo japonês para “imagens de mundos flutuantes”, é uma forma de arte que nasceu no Japão entre os séculos XVII e XIX. Retrata desde paisagens e pessoas locais a cenas míticas estilizadas, embora, na altura, retratassem principalmente cenas do quotidiano, as expressões faciais e as poses humanas eram muitas vezes caricaturadas com fluidez. Considerando a necessidade dos designers revigorarem a arte vetorial plana imposta pelos padrões do digital, os criativos de 2022 inspiraram-se nos pioneiros do design plano, muitas vezes representado com contornos em negrito, cores planas e técnicas de perspetiva limitadas, utilizando técnicas semelhantes de forma a dar o mesmo efeito aos desenhos vetoriais.
Tendo em conta as tendências que marcam este ano poderemos dizer que a definição de design está obsoleta?
Haverá de facto uma separação entre design e a arte?
Mariana Gama
branding specialist