
“VIVA O FIM”
O MUNDO MUDOU? NÃO, O MUNDO ACABOU.
O mundo digital sempre me pareceu uma névoa. No fundo sempre tive consciência deste mundo, mas sempre o olhei com um certo desdém. Hoje reconheço que a origem do meu desdém está na incompreensão e num certo desvio quotidiano perante essa realidade. Rotular algo como mau é o que normalmente faço quando desconheço, quando crio uma barreira entre o que sei e o que me parece não querer saber. E eis que Carvalhal derrubou essa barreira indo ao meu encontro, mostrando–me mais uma vez que eu estava enganada com aquilo que garantia saber. De forma muito prática e de certa forma cautelosa, mostrou–me esse mundo digital, do qual eu fugia. Devagar foi me respondendo a todas as questões e sempre que me parecia que estava a entrar num lado pejorativo quanto aquilo que ele defendia, sentia um certo orgulho e exclamava “Pois, eu sabia!”, mas logo no parágrafo seguinte me expõe que o negativo nem sempre tem ser visto como tal e que o importante é procurar o positivo no negativo. E eu fui baixando as minhas armas à medida que a leitura se desenvolvia. Naquilo que Carvalhal e eu estamos de acordo é que o mundo acabou na Revolução Industrial, com o nascimento de uma sociedade corrompida pelo consumismo e capitalismo. Pois a partir daí tudo se tornou decadente, desde o próprio ser humano, cada vez mais triste, egoísta e competitivo, até aos danos causados no nosso Planeta fruto de uma produção intensiva sem olhar a meios. O Homem desligou–se do essencial, e pior: quebrou a sua ligação com a natureza.
Contudo, Carvalhal defende (e eu também, agora) que a internet tens inúmeros benefícios e um deles é essa reconexão entre todos. A sociedade corrompida pode voltar a tornar–se uma comunidade se olharmos para a internet como forma de estarmos conectados e de partilha de informação, aumentando assim a hipótese de uma consciencialização maior. Voltamos a valorizar o que é imaterial. O lucro que outrora se definia em querer e ter para parecer, fazendo com que possuíssemos muito mais do que a nossa necessidade, é agora definido por experiências que não são compráveis como o silencio, por exemplo. Valorizamos produtos locais e sazonais e evitamos produtos de origem animal. Mas não é só isto, a própria sociedade está em transformação, os sistemas pré estabelecidos são rompidos, a idade, o género, o padrão de beleza, etc… Até o sistema de educação e de trabalho se altera abrindo espaço para a integração de meios e ferramentas digitais. A nossa forma de consumo está mais consciente e isso deve–se à troca de informação rápida e emergente com que todos os dias somos confrontados. E isso pode ser um vantagem para o desenvolvimento pessoal e do Planeta.
André Carvalhal deu–me a conhecer um mundo completamente desconhecido. Uma leitura inesperada, que veio romper as minhas barreiras, um tanto desafiadora e sempre com um olhar de lado que acabou por se transformar em compreensão. O mundo mudou? Não, o mundo acabou. Mas muitos de nós ainda vivemos no mundo antigo.

Andreia Oliveira
copywriter