“Não acomodado, contestaria, irreverente, quase anarquista, eis, Pedro Olaio.
Rodeado dos seus amigos incondicionais, os seus cães e os seus gatos, assim tem passado os últimos anos da sua vida. É que, honesto consigo próprio, vertical, não compactuando com mentiras e falsidades, afastou aqueles que, dizendo-se seus amigos, apenas pretendiam aproveitar-se dele.

Recusou exposições, recusou benesses, recusou galerias de arte que, apenas viam nele um meio, para um fácil lucro. Nunca se acomodou ao gosto e interesse dos outros.

É assim Pedro Olaio. Mas também é, um dos maiores impressionistas do nosso tempo. Ninguém representa melhor as paisagens alentejanas, com as suas planícies a perder de vista, os seus crepúsculos e os seus sobreiros descascados, de um vermelho cor de sangue. É único nos seus nocturnos. São as estrelas que vêm beijar, com a sua luz de prata, as águas do lago; é a lua que aparece tímida entre nuvens numa noite de tormenta; é a rua dum bairro duvidoso, com os seus figurantes nocturnos, respeitante vício e miséria.” Manifesto de Vasco Almeida Rego, Magistrado a Pedro Olaio -Pai.